A morte de Philip Seymour Hoffman

Morreu no dia 2 de fevereiro de 2014 um ator bacana: Philip Seymour Hoffman que, entre outros tantos filmes legais, fez Magnolia e Capote. Lendo a Folha de São Paulo, interesso-me pelas manifestações de seus amigos e conhecidos.

Eles dizem:
“Nós perdemos um grande artista.”; “Estou de coração partido. Perdemos um talento fenomenal.”


Mas também dizem:
“Um dos maiores atores de uma geração e um homem doce, engraçado e humilde.”; “Um homem verdadeiramente amável e maravilhoso e um dos nossos maiores atores.”

E outra diz:
“Um fim tão triste para um homem tão talentoso. Sou grata pela arte dele.”

Veja que interessante, posições distintas na reação à morte de alguém. 

Os do primeiro grupo lamentam a “perda” do amigo. De fato acham que perderam para sempre alguém que apreciam. Esses provavelmente creem que o que morreu…está morto. Está perdido para todo o sempre. Perdido tudo o que ele é: sua arte, seus talentos, sua sabedoria, sua graça, sua manifestação, tudo acabou ali, com a morte do corpo. Para estes a morte do corpo é a aniquilação do ser. Provavelmente não creem na continuidade da vida. De fato, para esses, a morte deve mesmo ser algo bem triste, desesperador mesmo. Uma perda para o nada.

Os do segundo grupo, que interessante, em vez de lamentar a morte do colega, exaltam-lhe o talento. Lembram-se e lembram-nos dos méritos do morto. Homenageiam-no. Elevam-no. Seguramente uma observação mais generosa e menos pesada no momento da morte.

Já a colega de Hoffman, dona da última citação, mistura três sentimentos:
Lamenta o fim triste; Exalta-lhe as qualidades; Demonstra gratidão por sua vida e contribuição para a humanidade.

Alguns de nós veem na morte apenas a perda de tudo, a aniquilação completa do ser, o fim. Para esses de fato a morte carece de sentido. Triste.

Outros tomam o momento da morte para refletir e entrar em sintonia com o morto, homenageando-o com seu reconhecimento. Um gesto fraterno, harmonioso. Declaram seu amor a ele.

E outros conseguem chegar a um nível ainda mais elevado: o de agradecer ao morto (e/ou a Deus) a oportunidade do convívio com aquele ser. Que generoso. Que boa visão.

A gratidão é um sentimento nobre, conciliador, pacificador. Que melhor sentimento podemos oferecer àquele que encerra esta etapa de sua jornada e parte para um novo desafio do que nosso reconhecimento e gratidão? Ou, em outras palavras, o que podemos oferecer de melhor a esse que o nosso amor?

Mas e você?

O que você oferta aos seus queridos no momento em que eles morrem? O que você pensa no momento da morte dos que ama? Oferta-lhes sua tristeza? Sua revolta? Seu amargo pesar? Ou oferece a eles seu reconhecimento, a alegria por terem convivido e sua mais sincera gratidão?

Vale uma pensadinha…